Padre diz que ‘se Jesus viesse hoje, abraçaria minorias e contestaria religiosos que exploram fiéis’
Redação Notícia Imediata
A Sexta-feira Santa, conhecida como Sexta-feira da Paixão de Cristo, é uma das datas mais importantes no calendário católico. É a data que é relembrada a crucificação de Jesus Cristo. No Acre, a data também é celebrada de forma reflexiva, com celebração da liturgia da paixão e procissão do Cristo Morto, que percorre diversas ruas da capital acreana.
O padre Massimo Lombardi explicou sobre a data e o verdadeiro significado para a igreja católica. “Antes de tudo, a Páscoa de Jesus. Quando falamos de páscoa, falamos da passagem de Jesus, da morte para a vida. A gente acompanha Jesus na sua paixão, no seu sofrimento, na sua fidelidade, na sua doação de sua vida por todos nós, até o ponto de dar sua vida na cruz, derramando o seu sangue. A gente acompanha Jesus no testemunho do seu amor e quando falamos de amor, aprendendo com o Evangelho, é dar a própria vida para a pessoa que você ama”, disse o padre.
O pároco também relembrou que a Semana Santa traz o significado de amor. “O exemplo que Jesus nos dá do que se entende por amor, não é aquele amorzinho que falam nas músicas, aquilo é conversa. O amor que nós aprendemos, inclusive na Semana Santa, é o amor fiel, até o fim, a ponto de dar a própria vida aos outros”, explicou.
A Semana Santa se encerra no Domingo de Páscoa, que também é uma data importante para os cristãos, pois remete à ressurreição de Jesus Cristo após três dias da crucificação. Para o padre Massimo, a páscoa termina com a vitória da vida sobre a morte. “Quando vemos na sociedade o acúmulo do ódio, da violência e das guerras, a gente pode até perder as esperanças e se perguntar para onde vai o mundo. Mas se você acredita na ressurreição, esse mundo vai para a vitória da paz, para a vida plena, a utopia que todos nós temos, que é o Reino de Deus, que temos no coração”, ressaltou.
“Seria perseguido”
O padre Massimo também falou sobre como Jesus Cristo seria visto nos dias atuais. “Com a democracia, você pode anunciar e falar o que quiser, mas realmente os profetas são sempre perseguidos. Eu imagino que se Jesus estivesse aqui hoje, pregando seu evangelho, ele iria contestar muita gente e provocar muitas classes, muitas categorias de pessoas. Ele certamente iria questionar o mercado, a exploração, a desigualdade e a opressão dos pequenos. Iria falar da igualdade, fraternidade, acúmulo de dinheiro nas mãos de poucos, falaria bastante da natureza, além do massacre das minorias, como indígenas, negros, pessoas LGBT, que são oprimidas e excluídas”, disse o religioso.
O pároco também lembrou que naquela época, Jesus abraçava as minorias e pessoas que ninguém queria se aproximar. “A opção de Jesus era para os mais humildes, necessitados e excluídos. Jesus também contestou o templo de Jerusalém, que era um mercado. Então ele também contestaria líderes religiosos comprometidos com o dinheiro, gananciosos, que exploram os fieis, enganando em nome da religião”, ressaltou.
Padre Massimo acredita que Jesus não seria morto pelo governo ou autoridades, mas seria morto por uma categoria de pessoas que se incomodaria com a sua fala. “Certamente, pensar em um Jesus moderno, é pensar que ele não usaria só a voz, mas também os meios de comunicação, iria ter um espaço nas redes sociais, mandaria mensagem para todo mundo. Jesus Cristo moderno colocaria outdoors no meio da cidade e incomodaria muitas pessoas”, explicou.
O religioso também ressaltou que a Semana Santa é um compromisso de todos os católicos e que os valores precisam ser protegidos de atividades comerciais que envolvem a data. “Se a gente fica brincando de ovo de páscoa e outras coisas comerciais, perde o significado. É um compromisso que os cristãos têm, então nós temos que salvaguardar esses valores”, finalizou.
Fonte: Maria Fernanda, da Agência ContilNet